De mãos limpas
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Boca suja, boca dura, lavam roupa suja.
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Homem deitado. Um bicho, na imundície do pátio, catando comida no lixo.
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Descanso, passo o olho no jornal. Não estou nem aí.
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Toda essa droga que já vem lavada antes de render.
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Ninguém tá vendo, o mundo é meu, minha sujeira é limpeza, antes todos do que eu.
De mãos limpas
Lixo, urbano que se acumula nas vias e serve de alimento. Lixo, do político que entulha as vias de comunicação com um escândalo semanal. Quem foi, quem roubou, de quem é a corrupção? Quem lavou o dinheiro público? O político suja com a língua e com as mãos, o cidadão joga o lixo no chão.
A moça limpa com água e sabão: roupas, corpos, pratos, copos, sujeira no piso, no vaso, na mão. Às vezes, lava a roupa suja na rua; com discussão.
Ela tira sujeira do canto, mas, vira o rosto para o mendigo na rua, sem pão. Limpa sujeira do corpo, pensando que é a da alma. Na busca da purificação, ensaboa, sem q boa, o rosto, na ilusão de aliviar o desgosto.
Ângela Machado
Marileide Alves
2007.1
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