É como se a vida parasse por uns instantes, quando se está numa fila. Por mais desconhecidos que sejam uns dos outros, os integrantes da fila compartilham um mesmo momento. É a espera que os aproxima, expectativa que pode despertar sentimentos de impaciência, angústia, cansaço, distração, raiva e até um certo contentamento, como acontece com a avó e suas netas, que aguardam numa fila formada à porta da igreja, para receber uma doação de pães.

No Brasil, fila geralmente é sinônimo de burocracia. Todo mundo, em algum momento da vida, já precisou enfrentar uma fila. Mas o que acontece quando de repente, em plena fila banco, na padaria, nos serviços públicos – como no Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS); percebe-se abordado por uma câmera fotográfica?

A vontade dos fotógrafos é participar do momento da fila, interagir com aqueles que aguardam, cada um com suas forma tão particular de estar ali. E captar, nesses indivíduos que podem parecer tão homogêneos, enquanto integrantes de uma mesma fila, traços de seus comportamentos, desejos, valores, crenças. Enquanto aguarda para ser o próximo, cada observado tem sua forma própria de interagir com a fila e com a câmera.

Foto: Breno Lemos

Breno Lemos

Foto: Carol Garcia

Carol Garcia

2006.1