Apesar de toda a discussão acerca da sexualidade, a admissão da sensualidade no universo infantil é ainda um tabu. Brincar com formas e contornos de objetos iconicamente infantis e deles retirar sua porção de sexualidade é muito mais do que mera perversão, pois esses objetos têm um potencial de pulsão enorme e acentuar essas características é apenas driblar um pouco a consciência.

Os ângulos e contornos escolhidos acentuam essa característica, em alguns retratos a presença explicita da figura humana fez-se necessária para explicitar o que haveria de estar inócuo. A indústria de brinquedos manipula a característica sexual dos seus objetos, seja através da estereotipia das formas femininas produzidas ou pelas formas fálicas disfarçadas em brinquedos masculinos. O medo da castração e a identificação édipica são as grandes inspirações de muitas das produções de empresas desse ramo e seu reflexo na busca inconsciente de proteção ou identificação remete diretamente ao consumo de tais peças. O consumo de armas de brinquedo é intimamente ligado à confirmação da posse do objeto fálico, o medo de perdê-lo- seja arrancado pelo pai ou pela identificação com a mãe e a conseqüente descoberta da ausência de tal órgão na figura materna- é o grande mote da produção e venda de tais produtos entre meninos dos 6 aos 10 anos.

Já as formas femininas produzidas relacionam-se com a identificação e com a relação edípica entre pai, mãe e filha, a identificação com a mãe e a rejeição a genitália masculina propiciam, devido à não semelhança entre seu corpo e o corpo paterno, o consumo dessas mercadorias entre as crianças do sexo feminino. Muito da personalidade está ligado com a convivência e experiências da infância.

A divisão da formação do inconsciente pessoal desenvolve-se através de três fases que acontecem entre os 3 e os 6 anos de idade, essas fases dividem-se em: fase oral, anal e fálica. Nos primeiro ano da vida os prazeres e frustrações do bebê desenvolvem-se em torno da boca. Chupar, comer e morder são responsáveis pelas primeiras identificações com gostos e texturas. No segundo ano de vida a criança inicia a aprendizagem do asseio, esta é sua primeira experiência de no modo de controlar um impulso natural e na necessidade de adiar uma gratificação imediata, como o ânus é também considerado uma área de importante zona de estimulação, a partir da maneira como o asseio é realizado pelos pais a criança desenvolve-se traços pertinentes ao controle e à obstinação. A ultima fase, fálica, se desenvolve dos três aos seis anos, muitas das fantasias e emoções sexuais vêm deste período, é esta fase responsável pela constituição de dois importantes complexos humanos, os já referidos Complexo de castração e o Complexo de Édipo.

Enfim, quem nunca alisou um Comando em ação ou uma barbie?!

Daniel Marques

2005.2